Caverna em Nazaré foi descoberta por arqueólogos em escavação em 1955. Frei brasileiro é o guardião da basílica, o único com acesso às chaves do local.
Duas cavernas fechadas
com grade e cadeado, onde só dez freis franciscanos têm autorização para
entrar. Em uma delas, Maria teria recebido a visita do anjo Gabriel, e ficou
grávida. O lugar onde se afirma que Deus se fez humano.
E a outra caverna, onde
o homem mais importante da história teria passado grande parte da vida, onde o
Fantástico teve o privilégio de entrar. O único lugar do mundo que a gente pode
chamar de casa de Jesus.
As duas cavernas ficam
em Nazaré, a cidade de onde os antigos diziam que nada de bom poderia vir. De
onde veio Maria, onde viveu Jesus. E se, naquele tempo, era um povoado de
poucas famílias em casas quase escondidas na montanha, agora são mais de 200
mil pessoas, em uma cidade de maioria muçulmana que vive principalmente de
receber os peregrinos cristãos.
Nazaré tem muitas
igrejas, mas a mais visitada é a do alto da montanha, a Basílica da Anunciação.
E os sinos tocam diante do padre brasileiro que já viveu a poucos passos do
túmulo de Jesus, no Santo Sepulcro, e que nos últimos meses vinha se
desdobrando junto com padres e voluntários para reformar outra igreja, em
Nazaré, onde se acredita que Jesus, depois de ressuscitado, teria feito uma de
suas últimas refeições com os apóstolos. A Mensa Christi, que acaba de ser
reinaugurada, tem esse nome porque, segundo a tradição, a pedra que serve como
altar era a mesa de Cristo.
Fantástico:
Como é a sensação de dormir no mesmo lugar onde ficava a casa da família de
Jesus?
Frei Anízio Rodrigues:
Não só dormir, viver aqui, porque aqui é a minha casa. Às vezes, dá um nó na
cabeça da gente. A gente entra em parafuso. É muito grande imaginar que você
está pisando, vivendo, dormindo, onde ele fez tudo isso também.
É dentro da Basílica
que todos os meios-dias de todos os dias o Frei Anízio e outros dois freis
brasileiros se juntam aos colegas franciscanos para celebrar a missa do
Angelus.
No altar, construído
dentro da caverna onde a tradição afirma que o anjo Gabriel veio do céu dizendo
“alegra-te, cheia de graça, o senhor está contigo”, no momento em que Maria
começou a gerar o filho Jesus.
A caverna da
Anunciação, a casa onde a mãe de Jesus teria passado a infância e o começo da
adolescência, é o único lugar do mundo onde se encontra a frase em latim:
verbum caro hic factum est – aqui a palavra se fez carne, aqui Deus assumiu a
forma humana e é muito parecida com as outras casas típicas da Nazaré de 2 mil
anos atrás.
O Fantástico mostra com
exclusividade o interior da casa de Jesus.
Na mesma vila, a
quinhentos metros, debaixo de uma outra capela, outra casa muito importante. A
única entrada é por uma porta de ferro, trancada com um cadeado, que só pode
ser aberto pelo frei Bruno, o italiano-brasileiro que é o guardião da basílica.
É uma caverna que foi
descoberta por arqueólogos em 1955, quando eles faziam a escavação para
construir a Basílica da Anunciação. É um espaço bem apertado. As pessoas jogam
mensagens para Maria, para Jesus. Tem dinheiro no chão. É o lugar onde a família
passava a maior parte do tempo. Segundo os arqueólogos do Vaticano, Jesus
brincou e trabalhou como carpinteiro.
Frei Bruno Varriano:
Por questão de segurança, os peregrinos não podem entrar, porque não tem saída.
Mas é muito bom que o mundo saiba que o lugar onde Jesus viveu por 30 anos está
intacto.
Fantástico:
Ele passou a infância aqui?
Frei Bruno Varriano:
Toda a infância.
Fantástico:
Nesse pedacinho onde a gente está?
Frei Bruno Varriano:
Nesse pedacinho de lugar.
Nas paredes da caverna,
existem alguns buracos que os arqueólogos dizem que serviam principalmente como
forno e depósito de alimentos. Mas o que afinal confirma que essa e não outra,
era a casa de José, Maria e Jesus?
“No lugar onde Jesus
viveu 30 anos e no lugar onde Nossa Senhora recebeu o anúncio do anjo foram
transformados em lugar de oração”, conta o Frei Bruno.
Os primeiros cristãos
vinham rezar e deixavam inscrições nas pedras e colunas da casa. Segundo Frei
Bruno, a mais importante foi feita apenas algumas décadas depois da morte de
Cristo. E diz ‘Khairo Maria’, em grego: ‘Alegra-te Maria’.
Frei: Tem muitas outras
inscrições, que eram cruzes. Porque quem não sabia ler, deixava uma cruz, por
exemplo, eu estive aqui. Outros se desenhavam.
Fantástico:
Na parede parece que tem um nome.
Frei: Tem outros. Mas
são posteriores ao ‘Khairo Maria’.
Por causa da arqueologia, da teologia e mais do que tudo, da tradição, cristãos do mundo inteiro peregrinam a Nazaré para homenagear Jesus e sua mãe. Na procissão noturna, rezam e cantam levando a imagem peregrina pelas ruas da cidadezinha onde grande parte dessa história aconteceu.
Edição do dia 21/12/2014
21/12/2014 22h04 -
Atualizado em 21/12/2014 22h04
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